Quatro cidades recebem nesta semana as apresentações e debates gratuitos do projeto
Pinhais, Araucária, Campo Largo e Paranaguá recebem as últimas apresentações e debates da temporada de circulação do projeto Murro em Ponta de Faca, que ao longo do último mês promoveu apresentações teatrais, aulas abertas de iluminação e debates em 11 cidades paranaenses. Promover uma reflexão sobre a ditadura militar brasileira é a proposta do projeto criado pela companhia curitibana Espaço Cênico, que segue até domingo (3/9).
Com direção de Paulo José, a peça, que trata da ditadura militar brasileira, oferece também a oportunidade de ouvir quem viveu o mais longo período autoritário brasileiro, no debate Exílios e Pertencimentos, com participação de convidados que vivenciaram o período ditatorial brasileiro. Em Pinhais, Araucária e Campo Largo a convidada é Claudia Hoffmann.
No elenco estão também alguns dos principais nomes do teatro paranaense: Abílio Ramos, Gabriel Gorosito, Edson Bueno, Patrícia Saravy, Raquel Rizzo, além de Nena Inoue, criadora e diretora da companhia Espaço Cênico. O projeto passou pelas cidades de Piraquara, Ponta Grossa, Guarapuava, Cascavel, Umuarama, Arapongas e Maringá.
Selecionado no primeiro edital da lei Estadual de Incentivo a Cultura/PROFICE, a turnê “Murro em Ponta de Faca” conta com o patrocínio da COPEL.
Emblemático texto da dramaturgia brasileira, escrito por Boal em 1974 foi o primeiro texto do autor montado no Brasil durante seu exílio no exterior, em 1978, pelas mãos do mesmo Paulo José que em 2011 aceitou o convite de Nena Inoue e segue assinando a direção do espetáculo, desde então.
Convidada – Claudia Cristina Hoffmann é professora, pesquisadora e historiadora do Centro de Apoio de Direitos Humanos do Ministério Público do Estado do Paraná, atuando no eixo Verdade, Memória e Justiça. É também colaboradora da Comissão Estadual da Verdade do Paraná – Teresa Urban e da Comissão Camponesa da Verdade. Graduada, Especialista e Mestre pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.
Murro em Ponta de Faca conta sobre um grupo de exilados brasileiros em suas trajetórias pelo Chile, Argentina e França. Um relato do Brasil e da América Latina à época da Ditadura, em precisa radiografia histórica e temática universal, sob o olhar de Augusto Boal e Paulo José, dois grandes nomes do teatro no Brasil e no exterior.
“Passados 50 anos do Golpe Militar, trazer a cena o contexto histórico da ditadura brasileira e latino americana, período fundamental para o entendimento dos rumos da Democracia do pais”, pontua Nena Inoue, idealizadora da montagem que também atua.
A peça traz o exílio como temática, prática sempre presente na história da humanidade, que se por um lado é fruto da negação, da dominação, da intolerância e da exclusão, por outro, é a negação da negação, a resistência, a luta pela afirmação. Um trabalho que insiste que lembrar é resistir. “Hoje existe a prática da filosofia do perdão, do viver e deixar viver… eu afirmo que importante também é não esquecer, pois a perda de memória pode nos levar a repetir o erro”, diz o diretor, ressaltando a importância da montagem.
“Montei esta peça quando, após uma leitura dramática no Espaço Cênico, constatei que os jovens na plateia não sabiam sobre este período do Brasil. Afinal, é mais uma das coisas graves que passaram impunes no Brasil, que por isso continua réu na Corte Interamericana dos Direitos Humanos, por conta dos crimes cometidos na Ditadura e porque não levou a julgamento nenhum dos torturadores…acho que nunca levará, e assim a justiça não acontecerá. Então me sinto no dever de mostrar o que aconteceu”, completa Nena.
Considerando a excelência dramatúrgica e atualidade da obra, a montagem busca estender a obra de Augusto Boal e apresenta não só a ditadura brasileira, mas também a latino-americana. “A intenção é valorizar a memória nacional e ressaltar um período recente da História do Brasil ignorado por muitos, além de insistir no reconhecimento de brasileiros que
resistem”, observa a atriz. Selecionado único pelo Paraná no Prêmio Myriam Muniz 2010 de montagem, o espetáculo estreou não por acaso, dia 31 de março de 2011, no Festival de Curitiba, no Espaço Cênico, e realizou temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo, apresentando-se em diversas cidades do país com apoio de editais de circulação da Caixa Cultural, Funarte e Petrobras Cultural.
FICHA TÉCNICA
Texto: Augusto Boal
Direção Geral: Paulo José
Elenco: Abílio Ramos, Edson Bueno, Gabriel Gorosito, Patrícia Saravy, Nena Inoue, Raquel Rizzo.
Iluminação: Beto Bruel
Cenário: Ruy Almeida
Figurino: Rô Nascimento
Direção Sonora: Daniel Belquer
Preparação Vocal: Célio Rentroya e Babaya
Técnico Operador: Vinicius Sant
Assistente de Figurino: Sabrina Magalhães
Ilustração Original: Elifas Andreato
Designer Gráfico: Martin Castro
Fotografia: Lidia Ueta
Assessoria de Imprensa: Adriane Perin | De Inverno Comunicação
Mídias Sociais: Trópico
Produção Local: Rachel Coelho (Maringá e Arapongas), Priscila Cruz (Campo Largo), Lair Junior (Cascavel e Umuarama), Mariana Zanette (Paranaguá), Emerson Rechenberg (Ponta Grossa), Nena Inoue e Caroll Teixeira (Araucária, Piraquara, Pinhais), Rita Felchak (Guarapuava)
Assistente de Produção: Priscila de Morais
Produção Executiva: Carolline Teixeira
Idealização e Diretora de Produção: Nena Inoue
Realização e Criação: Espaço Cênico e Teatroca – Associação Livre de Teatro
Incentivo: COPEL.
Este projeto foi contemplado pelo Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura – PROFICE.
SERVIÇO:
Informações:
https://www.facebook.com/murroemponta/
Pinhais
Data: 31/08
Horário: 19h30
Local: CEU Pinhais
21h Debate “Exílios e Pertencimentos”
* 16h Apresentação extra para Projeto Escola
https://www.facebook.com/events/2028900097341131/
Araucária
Data: 01/09
Horário: 19h30
Local: Teatro da Praça
21h Debate “Exílios e Pertencimentos”
* 16h Apresentação extra para Projeto Escola
https://www.facebook.com/events/1983156511903651/
Campo Largo
Data: 02/09
Horário: 19h30
Local: Centro Cultural Inspirarte
21h Debate “Exílios e Pertencimentos”
https://www.facebook.com/events/129763900957948/
Paranaguá
Data: 03/09
Horário: 18h
Local: Teatro Raquel Costa
19h30 Debate “Exílios e Pertencimentos”
https://www.facebook.com/events/800265650139977/
Indicado a maiores de 14 anos.
Entrada Franca.
Duração: 1h40.
Augusto Boal e Murro em Ponta de Faca
Augusto Boal foi atuante no Teatro de Arena de São Paulo, de 1956 até 1970. Criou o Teatro do Oprimido, metodologia cênico-pedagógica internacionalmente conhecida, e segundo Yan Michalski, o “homem de teatro brasileiro mais conhecido e respeitado fora do seu país”. Indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em 2008, por seu trabalho com o Teatro do Oprimido; em março de 2009, foi nomeado pela UNESCO como Embaixador Mundial do Teatro.
Murro em Ponta de Faca se confunde com a história de Augusto Boal e do nosso país. A peça, mais do que um relato do Brasil e da América Latina na época da ditadura militar: segue atemporal, ao tratar o exílio, como condição existencial. O decreto do AI-5 (1968) trouxe tempos difíceis também para o Teatro de Arena, em São Paulo, forçando os artistas a atuarem em outros países, Boal se instalou na Argentina, em 1971, quando escreveu sobre a dura realidade dos brasileiros exilados e onde desenvolveu as bases para o Teatro do Oprimido. Cinco anos depois, mudou-se para Portugal e, dois anos depois para Paris, de onde enviou Murro Em Ponta de Faca para Paulo José.
ESPAÇO CÊNICO
Em atividade na cidade de Curitiba desde 1997, o Espaço Cênico realiza projetos artísticos através do intercâmbio com diversos artistas de reconhecida atuação em Curitiba e no pais. Nos últimos trabalhos, dedicou-se a questões sobre memória, política e ditadura, como o espetáculo “Murro em Ponta de Faca”, de Augusto Boal e direção de Paulo Jose, ainda em repertorio. Há dois anos realiza a “Curitiba Mostra, convidando e reunindo artistas e coletivos da cidade para realização de espetáculos inéditos de caráter autoral. Seu último espetáculo em repertório, “Para Não Morrer”, a partir da obra de Eduardo Galeano.