Tapetes tradicionais colorem ruas do Paraná no Corpus Christi

Procissão de Corpus Christi em Curitiba.  -  Foto: José Fernando Ogura/Arquivo ANPr

Serragem colorida, pó de café, cal, sal grosso e flores. A tradição de enfeitar as ruas para a passagem do Santíssimo Sacramento se repete em todos os municípios do Paraná durante o Corpus Christi. A celebração que colore as ruas das cidades, e veio para o Brasil com os imigrantes portugueses no período colonial, é mais uma opção no calendário do turismo religioso do Estado.

Desde o ano passado, a festa católica faz parte do Calendário de Eventos do Estado, destacando o turismo religioso como um dos segmentos prioritários para colocar o Paraná no mapa turístico nacional. “O Estado tem um potencial gigante a ser explorado, onde se destacam as rotas da fé. A tradição do Corpus Christi, tão arraigada na cultura brasileira, também pode ser vista como uma atração à parte nas opções turísticas do Paraná”, diz o governador Carlos Massa Ratinho Junior.

CURITIBA – Em cada cidade, há uma organização para a confecção dos tapetes coloridos. Em Curitiba, por exemplo, todas as paróquias se reúnem no Centro Cívico para fazerem o tapete que chega a ter quase dois quilômetros de comprimento. Em Londrina e Maringá, no Norte e Noroeste do Estado, cada igreja promove sua própria procissão.

Para o arquiteto e doutorando em Teologia Henry Belchior da Cunha, diácono permanente da Arquidiocese de Curitiba e professor do curso de Arquitetura da PUC-PR, a simbologia e o colorido dos tapetes carregam mais que uma tradição secular e trazem, também, novas percepções de como olhar para a cidade. “Esta é a única vez no calendário litúrgico que o Jesus Eucarístico caminha pelas ruas. A intervenção que é feita para essa passagem quebra o ritmo do concreto e todo o peso da cidade e traz uma nova estética, uma renovação feita pela comunidade”, explica.

Símbolos como a hóstia, pão, cálice, o Espírito Santo, peixes e os santos da Igreja Católica estão entre os principais desenhos retratados nos tapetes de Corpus Christi. São os próprios fiéis os responsáveis pela confecção, um trabalho que traz uma forte interação social entre as pessoas. “Quem faz o tapete não tem, necessariamente, uma expertise estética, mas o resultado tem um forte apelo visual, com cores e desenhos que lembram a arte naif”, afirma o diácono.

PROCISSÕES – Centenas de pessoas se comprometem com a confecção do tapete em Curitiba, que se estende pela Avenida Cândido de Abreu e pela Rua Barão do Serro Azul, desde a Catedral até a Praça Nossa Senhora da Salette, no Centro Cívico.

A celebração começa pela manhã, com festividades e momentos de oração na praça, onde também haverá uma feira gastronômica. A missa na Catedral, presidida pelo arcebispo dom José Antônio Peruzzo, começa às 14h. Os fiéis vêm em procissão até o Centro Cívico, onde a cerimônia se encerra com um show com o padre Reginaldo Manzotti. No ano passado, mais de 100 mil pessoas participaram das festividades.

GUARAPUAVA – As 13 paróquias de Guarapuava, na região Central, reúnem-se de manhã na Praça da Fé, local que já é usado para diferentes eventos religiosos e culturais na cidade. O mesmo acontece em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, onde as comunidades e pastorais da Igreja se reúnem para, juntas, confeccionarem o tapete, que tem aproximadamente três quilômetros de extensão.

Na cidade, a procissão sai às 14h30 de frente do Asilo São Vicente e, neste ano, fará a arrecadação de cobertores, meias, luvas, cachecóis, gorros e blusas. Tudo o que for doado será encaminhado para moradores de ruas atendidos pelo Projeto Médicos de Rua, pela Casa do Menor Irmãos Cavanis, Vicentinos e pela Comunidade Deus Pai. Cerca de 50 mil pessoas são esperadas para a celebração.

OUTRAS CIDADES – Um dos principais símbolos arquitetônicos do Paraná, a Catedral de Maringá também estará ornamentada para receber a festa de Corpus Christi. Os tapetes ficarão no entorno da praça, mas as outras comunidades do município farão sua celebração de forma independente. O mesmo acontece em Londrina e em cidades menores do Estado, em que cada paróquia é responsável pelas procissões e celebrações.

TURISMO RELIGIOSO – O roteiro do Turismo Religioso paranaense passa por diversas regiões. No Centro-Sul do Estado, o município de Prudentópolis se destaca pelos templos bizantinos, construídos pelos imigrantes ucranianos que seguem a tradição ortodoxa. Em Lunardelli (Vale do Ivaí) e Siqueira Campos (Norte Pioneiro), os santuários de Santa Rita de Cássia e de Bom Jesus da Cana Verde, respectivamente, recebem milhares de fiéis todos os anos.

No Litoral, a religiosidade está presente em todos os cantos. Em Paranaguá, em meio à Praça da Fé, está o Santuário de Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paraná, que move milhares de romeiros a visitarem a cidade o ano todo. Na cidade também há construções do Século Dezoito, como a Igreja de São Benedito, a primeira do Sul do Brasil construída por escravos, e a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas.

Belas construções como as Igrejas de Nossa Senhora do Pilar, em Antonina, e de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Guaratuba, não passam despercebidas. Na Igreja de Nosso Senhor Bom Jesus dos Perdões, primeira construção de Guaraqueçaba, o altar tem forma de embarcação cuja base é um peixe esculpido em madeira, que homenageia e protege os pescadores.

Na Região Metropolitana de Curitiba, destacam-se a Igreja Santo Antônio e a Gruta do Monge na Lapa. Em Balsa Nova, a Capela de Nossa Senhora da Conceição e Tamanduá. Em Rio Negro, o Seminário Seráfico São Luis de Tolosa.

Em Campo do Tenente, o Mosteiro Trapista que recebe visitas agendadas. Em Pinhais, o Roteiro Turístico Estrada Ecológica passa por diversas chácaras, parque aquático e ainda a Capela Nossa Senhora da Luz e a Igreja Nossa Senhora do Carmo.

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