Em Pinhais, Cunha está “obcecado” por sua defesa e lamenta ruptura do centrão

Aliado do ex-deputado diz que Eduardo Cunha se sente injustiçado e criticou estratégia de partidos do centrão para disputar a presidência da Câmara

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Transferido contra sua vontade da superintendência da Polícia Federal em Curitiba para o Complexo Médico Penal em Pinhais, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) está “obcecado” em trabalhar na sua defesa na ação penal a que responde na Operação Lava Jato.De acordo com o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos mais fiéis integrantes da hoje extinta ‘tropa de choque’ de Eduardo Cunha na Câmara, o ex-parlamentar se diz injustiçado e acredita que sua prisão deveria ter sido evitada.Apesar da “obsessão” relatada por Marun, Cunha ainda encontra tempo para fazer suas análises da conjuntura política, especialmente em relação às movimentações de seus ex-colegas para definir quem será o presidente da Câmara pelo próximo biênio.

“Ele lamentou a ruptura do centrão. Eu disse que via a candidatura do Rodrigo [Maia, atual presidente da Câmara] como forte e ele afirmou que o centrão dividido não era bom. Se tivesse só um candidato participando das conversações seria mais fácil”, relata Marun, que visitou Cunha na prisão na última sexta-feira (30).Até o momento, o chamado centrão – bloco que congrega partidos médios – já tem como candidatos oficiais os deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO).Profundo conhecedor do regimento interno da Câmara, Cunha não chegou a dizer a Marun como enxerga uma possível candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ), tema que é discutido entre os deputados e que motivou ainda uma consulta ao Supremo Tribunal Federal. A Constituição veta a reeleição de um chefe do Legislativo federal em pleitos seguidos, mas não indica se o mesmo veto vale para presidentes eleitos para mandatos incompletos, como é o caso de Maia.Marun diz que cogita se candidatar para a primeira vice-presidência da Câmara, “caso ela fique com o PMDB”. “O PMDB deve trabalhar até a exaustão para uma composição da base. Nosso grande foco é a governabilidade, não há essa pretensão de ter um candidato do partido”, diz o parlamentar. 

Lava Jato

Preso desde o dia 19 de outubro, Cunha está com depoimento ao juiz federal Sérgio Moro agendado para o dia 7 de fevereiro.De acordo com Marun, o ex-presidente da Câmara acha que deveria estar em liberdade e que não representa risco à ordem pública, como alegado por Moro na decisão que autorizou sua prisão preventiva. “Já a questão da fuga poderia ter sido dirimida com a cassação do passaporte dele”, comenta o deputado.Responsável responsável pela abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, Eduardo Cunha é réu em ação penal da Lava Jato que apura suposto recebimento de propina do peemedebista no valor de US$ 5 milhões na compra de um campo de petróleo pela Petrobras em Benin, na África, em 2011. A propina teria sido depositada em contas não declaradas do ex-parlamentar na Suíça. Durante o tempo em que permaneceu na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) passou a exercer voz de comando e organizar os afazeres do dia no local, segundo investigadores.

Desde que foi transferido para Pinhais, no entanto, há três semanas, o peemedebista vem dando sinais de abatimento por estar num regime mais restrito, sozinho numa cela e privado do contato com os demais presos, inclusive no banho de sol. Na carceragem da PF, Cunha tinha mais liberdade de circulação e não se sentia tão isolado.Enquanto esteve em Curitiba, conviveu com Olívio Rodrigues e Luiz Eduardo Soares, dois delatores que atuaram no Setor de Operações Estruturadas, o departamento da propina da Odebrecht. Ambos foram soltos no mesmo dia em que Cunha foi transferido para o Complexo Médico-Penal de Pinhais.A defesa do peemedebista foi contrária à mudança. Reclamou que implicaria contato mais restrito com os advogados e, em recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a transferência para o presídio tinha o objetivo de pressioná-lo a fazer um acordo de delação premiada.Incomodado com o andamento de seus processos, Cunha decidiu se dedicar exclusivamente a estudar sua defesa e orientar os advogados.LivroO peemedebista abandonou, por tempo indeterminado, a ideia de escrever um livro, que, segundo ele, contaria os bastidores do impeachment da petista Dilma Rousseff e seria seu “presente de Natal” aos inimigos políticos.Envolvido com os detalhes da defesa, Cunha chegou a comentar com interlocutores que embora discorde das decisões do juiz Sérgio Moro e do modo como o magistrado atua no processo, enxerga nele um profissional bem preparado. Segundo relatos, o peemedebista percebeu que o juiz que comanda a Lava Jato lê todas as longas petições e disse que Moro se diferencia dos demais magistrados pela “inteligência”.Sobre a disputa entre sua defesa e os acusadores, Cunha tem dito que alcançou vitórias, em especial, ao ver tanto as testemunhas de acusação como as de defesa negarem sua responsabilidade na nomeação de Jorge Zelada para a diretoria de Internacional da Petrobras.Conforme relato do deputado cassado a interlocutores, isso exclui o ato de ofício necessário para imputação do crime de corrupção.

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