Papa Francisco morre aos 88 anos

O pontífice que desafiou tradições e renovou esperanças na Igreja CatólicaA última mensagem do papa Francisco: ‘A paz é possível’

O Vaticano anunciou na manhã desta segunda-feira (21), a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia bilateral.

O líder religioso, que revolucionou a imagem da Igreja Católica com gestos de humildade e discursos progressistas, faleceu às 2h35 (horário de Brasília) na Casa Santa Marta, residência oficial no Vaticano.

Internado em 14 de fevereiro no Hospital Gemelli, em Roma, Francisco enfrentou uma infecção grave nos dois pulmões, anemia e queda nas plaquetas sanguíneas.

Apesar de receber alta em 23 de março, sua recuperação foi marcada por limitações: usava cadeira de rodas e dependia de auxiliares para ler discursos devido a crises de bronquite crônica. Sua fragilidade respiratória remontava à juventude, quando perdeu parte do pulmão direito após uma pneumonia grave aos 21 anos.

No domingo (20), véspera de sua morte, o papa surpreendeu ao aparecer na varanda do Vaticano para a bênção pascal, acenando aos fiéis em um gesto simbólico de resistência. A cena, porém, contrastava com meses de ausência em eventos oficiais, alimentando especulações sobre seu estado de saúde.

Legado de reformas e controvérsias

Eleito em 2013 após a renúncia de Bento XVI, Jorge Mario Bergoglio entrou para a história como o primeiro papa jesuíta, o primeiro das Américas e o primeiro não europeu em mais de 1.200 anos. Sua escolha representou uma tentativa de modernizar a Igreja, abalada por escândalos de pedofilia e acusações de conservadorismo excessivo.

Francisco promoveu diálogo com grupos LGBTQIA+, defendeu migrantes, criticou o capitalismo desenfreado e simplificou rituais do Vaticano.

Contudo, seu papado não foi livre de polêmicas. Foi acusado de omissão durante a ditadura argentina (1976-1983) e enfrentou resistência interna por não alterar dogmas como o celibato clerical e a ordenação de mulheres. “Ele sacudiu os pilares, mas não os derrubou”, analisa o teólogo Leonardo Boff.

O cardeal Kevin Farrell, em comunicado oficial, destacou: “Ele nos ensinou a viver o Evangelho com coragem, especialmente pelos mais pobres”. Líderes mundiais, de Biden a Lula, lamentaram a perda. Agora, a Igreja se prepara para um conclave em meio a debates sobre o futuro: continuar as reformas ou retomar tradições?

Destaques no papado de Francisco

  • Primeiro papa a renunciar ao palácio apostólico e criticar publicamente líderes políticos.
  • Deixou 10 encíclicas, incluindo Laudato Si’, marco na defesa ambiental.
  • Sob seu papado, o Vaticano processou cardeais por corrupção, um gesto sem precedentes.

De operário químico a pastor universal

Nascido em Buenos Aires em 1936, filho de imigrantes italianos, Bergoglio trabalhou como técnico químico antes de ingressar no seminário. Sua simplicidade — morava em apartamento modesto, dispensou carros luxuosos — cativou fiéis, mas sua teologia desafiou poderosos. Seu último tweet, em abril, resumia sua mensagem: “A misericórdia não é um gesto, mas o coração do mundo”.

Seu corpo será velado na Basílica de São Pedro, onde se espera uma multidão de enlutados. O adeus ao papa que sonhou com “uma Igreja pobre para os pobres”.

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